quarta-feira, 28 de março de 2012

Acossados

Kazuo Okubo 2012
Questões militares. Revista Piauí, n. 66, março 2012

Abusos, homofobia e desvio de dinheiro dentro do Exército se misturam na história da perseguição aos sargentos que revelaram ser um casal em 2008

por CONSUELO DIEGUEZ

O sargento Laci Marinho de Araújo se olhou no espelho e conferiu a farda mais uma vez. A calça verde-oliva e a camisa cáqui estavam impecavelmente passadas; os sapatos, cuidadosamente lustrados. Ele ajeitou o quepe sobre os cabelos pretos, cortados rente à cabeça e modelados com gel, e comprimiu os lábios um no outro para fixar o protetor labial de brilho avermelhado. Pegou na penteadeira o anel de prata com a inscrição “Todos os deuses estão comigo”, mantra que repete quando se sente acuado, e colocou-o no dedo médio. Faltava uma hora para o início do seu julgamento, marcado para as nove da manhã de segunda-feira, 23 de janeiro. Ao seu lado, o sargento licenciado Fernando Alcântara de Figueiredo também verificou a indumentária. Alisou as mangas do terno preto de risca de giz sobre a camisa branca e a gravata preta. Pouco depois, embarcaram num Ford Fiesta preto, com Fernando ao volante, e deixaram o prédio onde moram, na Asa Norte, em Brasília, numa quadra exclusiva para cabos, sargentos e seus familiares. Laci ironizou, numa inflexão arrastada: “Vamos para o Tribunal do Santo Ofício.” Fernando soltou um riso nervoso e rumou para a Auditoria Militar.

A Auditoria funciona em um prédio branco, no Setor de Autarquias Sul. Até pouco tempo, ocupava o 8º andar do Superior Tribunal Militar, o STM, mas agora ganhou sede própria. É ali que são julgados, em primeira instância, crimes cometidos por integrantes das Forças Armadas, antes de seguirem para o STM.

Ao chegarem, os sargentos foram saudados pelos funcionários civis que atendem na recepção. Uma mulher loura, com uma garrafa térmica na mão, ofereceu café e, sem se dar conta da gravidade da situação, foi efusiva. “Que bom ter vocês aqui”, disse. Era a primeira vez que os dois entravam no novo prédio, embora tenham perdido a conta de quantas vezes Laci foi levado à antiga sede da Auditoria. Sempre que isso aconteceu, Fernando esteve ao seu lado.

O sargento Laci Marinho de Araújo responde a vários processos. O julgamento daquele dia era por crime de injúria. Em 2008, ele acusou a procuradora militar Cláudia Rocha Lamas de acobertar um esquema de corrupção no Hospital Geral de Brasília, o HGeB, administrado pelo Exército, e ela o processou.

Uma recepcionista levou-os até o elevador, que desceu para o subsolo. Ali funciona o plenário do tribunal. Os dois foram conduzidos por um militar até uma sala com pé-direito de quase 3 metros, iluminada por luz fria, com uma pequena abertura gradeada no alto da parede. Havia umas poucas cadeiras de plástico no lugar. Laci provocou: “O que é isso? Estamos nos porões da ditadura?” O militar fingiu não ouvir. Pouco antes das nove, Marcio Palma, advogado do sargento, entrou na sala. Tinha o semblante preocupado. Falou pouco e avisou que seu cliente não assistiria ao julgamento. “É para o seu próprio bem”, disse. “Vamos evitar tumulto.”


sábado, 24 de março de 2012

Sociologia na Escola: ela veio pra ficar!

Um documentário produzido pelo PIBID de sociologia da UFPR sobre a docência de sociologia no Ensino Médio.

Declarações de alunos do ensino médio público de Curitiba.

Acesse o link:

http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=Ziha0tb22lw