terça-feira, 24 de maio de 2011

polêmica: norma culta e norma popular

Students in mess hall at Culver Military Academy holding arms crossed in front of them until "Rest" is ordered.
Location: Culver, IN, US
Date taken: 1939
Photographer: Alfred Eisenstaedt
Na grande mídia argumentou-se que o livro “ensina a falar errado”. O livro é utilizado no programa “Educação de Jovens e Adultos” e foi submetido a avaliação do Ministério da Educação.

Diante da grande repercussão, a Ação Educativa, responsável pedagógica do livro, publicou uma nota de esclarecimentos na qual afirma defender “a abordagem da obra por considerar que cabe à escola ensinar regras, mas sua função mais nobre é disseminar conhecimentos científicos e senso crítico para que as pessoas possam saber por que e quando usá-las”. O documento complementa que “polêmicas como essa ocupam a imprensa desde que o Modernismo brasileiro, em 1922, incorporou a linguagem popular à literatura. Felizmente, desde então, o país mudou bastante. Muitas pessoas tem consciência de que não se deve discriminar ninguém pela forma como fala ou pelo lugar de onde veio”.

Por Juliana Sada do blog Rodrigo Vianna: http://www.rodrigovianna.com.br/sopa-de-letras/livro-polemico-de-portugues-e-disponibilizado-para-o-publico.html

Entrevista televisiva aos escritores Marcelino Freire e Cristovão Tezza

Os escritores Marcelino Freire e Cristovão Tezza participaram nesta semana do programa "Entre aspas", apresentado por Mônica Waldvogel na GloboNews. Com bom humor, os dois escritores rechaçaram a tese da Globo (e da velha mídia), que, a partir de trechos retirados do contexto, ataca o livro "Por uma vida melhor", adotado pelo Ministério da Educação para turmas de jovens e adultos.

Artigo de uma linguista blogueira

"Por uma vida melhor": por que abolir os conceitos de “certo” e “errado”

A polêmica que se criou em torno do livro Por uma vida melhor, da coleção Viver, aprender, adotado pelo MEC, é inútil e representa um retrocesso para a Educação.

Como lingüista e professora de português defendo ardorosamente a utilização do livro. Vou explicar, mas antes faço alguns esclarecimentos:

1. A escola é o lugar por excelência da norma culta, é lá que devemos aprender a utilizá-la, isso ninguém discute, é fato.

2. O livro NÃO está propondo que o aluno escreva “nós pega” – como estão divulgando por aí - ele está apenas constatando a existência da expressão no registro “popular”. Do ponto de vista cotidiano, a expressão é válida porque dá conta de comunicar o que se propõe. E ela é mais que comum e, sejamos sinceros, é a linguagem que o leitor dessa obra usa e entende. Será que é intenção da escola se comunicar com ele de verdade? Se for, ela tem que usar um livro que consiga fazer isso. Uma gramática cheia de exemplos eruditos e termos que o aluno não consegue nem memorizar, com certeza, não vai conseguir.
3. O que o livro está propondo é trocar as noções de “certo” e “errado” por “adequado” e “inadequado”. E isso é mais que certo. Vou explicar a seguir.

4. A questão é: como ensinar a norma culta num país de tradição oral, e no qual existe um abismo entre a língua oral e a língua escrita? Como fazer isso com jovens adultos – que já apresentam um histórico de “fracasso” em seu processo formal de educação e, muito provavelmente, na aquisição dos termos da gramática e seus significados. Se esse jovem não assimilou até o momento em que procurou o EJA (Educação de Jovens e Adultos) a “concordância de número”, como o professor vai fazê-lo usar a crase? Isso para mencionar apenas um dos tópicos mais fáceis da gramática e que a maioria das pessoas, inclusive as “mais cultas e graduadas”, algumas até mesmo com doutorado, ainda não sabem explicar quando ela é necessária.

Por que abolir os conceitos de “certo” e “errado”?

Vou mencionar apenas 3 razões, para não cansar demais o leitor, mas existem muitas outras, quem se interessar pode perguntar que eu passo a bibliografia.

1. Primeiro, por uma questão de honestidade com o aluno. A língua é viva, assim como a cultura, e não pode ser dirigida, por mais que tentem. Por isso, não existe nem “certo” nem “errado”: as regras são convenções e são alteradas de tempos em tempos por um acordo entre países falantes de uma mesma língua. O que era “errado” há alguns anos, hoje pode ser “certo”. Agora é correto escrever lingüística sem trema - o que discordo - e ideia sem acento. Assim, o que existe é o “adequado à norma culta” e o “inadequado à norma culta”. E essa norma é uma convenção, não uma lei natural e imutável. Além disso, por mais que a escola seja representante da norma culta, isto não significa que ela deva ficar “surda” diante dos demais níveis de fala. A língua portuguesa – ou qualquer língua – não pode ser reduzida à sua variante padrão. Tão pouco as aulas de português devem ficar. Afinal, se numa narrativa aparece um personagem, por exemplo, pescador e analfabeto, como o aluno deverá escrever uma fala (verossímil) para ele? Escrever de forma inverossímil é certo? Aliás, o que seria dos poetas e escritores se não fosse o registro popular da língua? Acho que Guimarães Rosa nem existiria.

Com certeza a crítica ao livro parte de setores conservadores e normativos. Eu, como lingüista e professora, não apoio a retirada dos livros porque não acho justo falar para o aluno que o jeito que ele fala é errado, até porque não é, só não está de acordo com a norma culta, o que é muito diferente. Depois que você explica isso para o aluno é que ele entende o que está fazendo naquela aula. Essa troca faz toda a diferença.

2. Segundo, porque quando você diz para um aluno sucessivas vezes que o que ele fez está “errado” você passa por cima da subjetividade dele e acaba com toda a naturalidade dessa pessoa. Daí, ela não fala “certo” e também não sabe quando fala “errado”. Assim, quando na presença de pessoas que ela julga mais letradas que ela própria, não tenha dúvida, vai ficar muda. A formação da identidade do sujeito passa obrigatoriamente pela aquisição da linguagem, viver apontando os erros é desconsiderar a experiência de vida daquela pessoa, é diminuí-la porque ela não teve estudo. E não se engane: ela pode se tornar até uma profissional mais desejada pelo mercado por usar melhor a norma culta, mas não necessariamente vai se tornar uma pessoa melhor.

3. Em terceiro, porque é urgente trocar o ponto de vista normativo pelo científico. A lingüística reconhece que a língua tem seu curso e muda conforme o uso e a cultura: já foi muito errado falar (e escrever) "você", por exemplo. A lingüística também reconhece que a língua é instrumento de poder, por isso, nada mais importante do que desmistificar a gramática normativa. Isto não significa deixá-la de lado, mas precisamos exercitar uma visão mais crítica. Esse aluno sente na pele a discriminação social devido ao seu nível de fala, nada mais natural que ele rejeite a norma culta e considere pedante a pessoa que fala segundo a norma padrão. É compreensível, ainda, que ele não entenda grande parte do que se diz em sala de aula. O que não é compreensível é o professor, ou melhor, “a Escola”, não entender a razão de isso acontecer.

Em nenhum momento foi dito que a professora e autora do livro em questão não iria corrigir ou ensinar a norma culta aos alunos, só ficou validado o registro oral. Os alunos precisam entrar em contato com o distanciamento científico. E os lingüistas não saem por aí corrigindo ninguém, eles observam, e você, leitor, bem sabe como funciona a ciência - e um aluno de pelo menos 15 anos já precisa começar a ouvir falar do pensamento científico. Além disso, é muito bom que eles percebam se o nível de fala que usam tem prestígio ou não, e o porquê.

Por que ignorar o estudo da língua oral em sala de aula? Eu fazia um trabalho nesse sentido com os meus alunos e só depois de transcrever entrevistas orais eles conseguiam ouvir a si mesmos e tomar consciência de seu registro lingüístico: “nossa como eu falo gíria! Eu nem percebia!”. Aí sim eles entendem que, com o amigo, com os pais, eles podem dizer "os peixe", mas que na prova é preciso escrever "os peixes", no seminário é preciso dizer “os peixes”, mas ele precisa estar à vontade para fazer isso. A realidade em sala de aula é que os alunos não entendem onde estão errando. Quando você explica o conceito de norma culta eles entendem. Cria-se um parâmetro e não uma tábua de salvação inatingível. É aceitando o registro desse interlocutor e apresentando mais uma possibilidade de uso da língua para ele que vai surgir o esforço para aprender. Se você insistir no “certo” e no “errado” ele vai ficar com raiva e rejeitar o novo. Quer apostar?

Ter uma boa comunicação não é sinônimo de usar bem as regras da gramática. Para ensinar os conceitos de "gramática natural" e "gramática normativa" temos de dar esses exemplos. Os conservadores se arrepiam porque eles partem do princípio que você nunca pode escrever ou falar nada errado na frente do aluno. Para mim isso é hipocrisia: o aluno tem direito de saber que o registro que ele usa em casa é diferente daquele que ele usa na rua, no estádio de futebol, na escola, no trabalho, em frente ao juiz. E tem o direito de saber que o “correto” se define por aquele que tem mais prestígio social. Essas são só as primeiras noções de sociolingüística, para quem quiser abrir a cabeça e saber. Ou será que a língua portuguesa se aprende descolada da realidade? É isso que se está tentando mudar. É tão difícil assim perceber isso?

Quando me perguntam qual é a função do professor de português na escola, eu respondo: oferecer ao aluno um grau cada vez mais elevado de consciência lingüística; oferecer instrumentos para que ele possa transitar conscientemente entre os diversos níveis de linguagem. Só depois de realizada essa operação o aluno vai conseguir escrever conforme as regras da norma culta. E falar a norma padrão com naturalidade. Ou, ainda, escolher falar conforme o ambiente em que cresceu e formou a sua subjetividade (Lula que o diga, comunica-se muito bem, sem camuflar as suas origens). É bom ficar claro que a função do professor não se reduz a "corrigir" o aluno. Isso, o google, até o word, pode fazer. Ajudar o aluno a ter consciência de seu nível de fala é outra história...

O problema não é uma pessoa dizer “nós pega”, o problema é ela não entender que esse uso não é adequado em determinados contextos, o problema é não saber dizer “nós pegamos”. Ou sequer compreender porque não pode falar “nós pega”... É, leitor, tem muito aluno que não entende porque precisa aprender uma lista de nomes difíceis que nada significam para ele e que ele não enxerga a relação direta entre uso da norma culta e como esta vai ajudá-lo a melhorar de vida.

Conheço quilos, ou toneladas, de gente formada, pós-graduada, que fala “seje” e não tem consciência de que está falando assim, e ainda critica quem fala “menas”. Ouvir a si mesmo é uma das coisas mais difíceis de fazer. E como ajudar o aluno a fazer isso?

O primeiro passo é, sem dúvida, abolir o “certo” e o “errado”. Enquanto o professor for detentor da caneta vermelha, o aluno vai tremer diante dele e nada do que ele disser vai entrar na cabeça dessa pessoa preocupada em acertar uma coisa que não entende, tem vergonha de dizer que não entende, então não pergunta, faz que entendeu, erra na prova e o resultado é ela se achar cada vez mais burra e desistir de estudar. Ufa... Puxa, ninguém estuda mais psicologia da educação? Isso é básico!

E então, leitor, o que é mais honesto com esse aluno que chega no EJA com a autoestima lá em baixo? Começar falando a língua dele e depois trazê-lo para a norma padrão ou começar de cara a humilhá-lo com uma língua que ele não entende?

É muito sério quando pessoas leigas começam a emitir, levianamente, juízos de valor sobre assuntos que não dominam. Alguns jornalistas, blogueiros e “opineiros” de plantão, por exemplo, sem conhecimento dos conceitos e técnicas de ensino em lingüística, sem a menor noção do que está acontecendo nas salas de aula desse país, começam a querer dizer para os professores o que eles têm de fazer, como eles têm de ensinar! Isto sim, é nivelar por baixo! É detonar, mais ainda, a autoridade do professor, já tão desprezada no país. Ah, e ainda fazem isso sem perceber que freqüentemente cometem erros crassos; eu estou cansada de lê-los em blogs, jornais e revistas, e ouvi-los na televisão. Não que precisem, ou usamos com eles os mesmos critérios que defendem?

E então, qual é mesmo o tipo de educação que o Brasil precisa?

* Daniela Jakubaszko é bacharel em lingüística e português pela FFLCH-USP, mestre e doutora pela ECA-USP. Desistiu de ser professora depois de dar aula por 15 anos e virou redatora porque não agüentava mais ouvir: "você trabalha além de dar aulas?"

Entrevista do Fernando Haddad, ministro da Educação, ao jornalista Sardenberg.
 
Nota oficial da Abralin - Associação Brasileira de Linguística sobre o livro.
 
O capítulo do livro que causou a polêmica.
http://www.acaoeducativa.org.br/downloads/V6Cap1.pdf

Debate de dois colegas meus no facebook


Gustavo Biscaia de Lacerda
Não é adequado tratar essa questão em termos de "mídia-não-mídia". Se a Abralin é a favor do livro em questão, pior para os lingüistas, que confundem "progressivismo" e inclusão social com defesa da ignorância.
samedi, à 17:06 · J’aime

Nelson Rosário de Souza
Gustavo, boa parte da mídia, especialmente a hegemônica, não costuma apresentar os temas como 'polêmicos'. Ou seja, não se propõem a fomentar o debate. Eles acreditam que sabem a verdade das coisas, tipo, ensino de língua é uma questão técnica e pronto. Então, prá desgraça deles (não de quem discorda do livro) mais uma entidade se posicionou a favor do texto, demonstrando que o tema é polêmico. Ou seja, a contragosto vão ter que aceitar que não são donos da verdade e que o tema requer debate. Não considero que eu, a Abralin, ou o texto defendem a ignorância. Apenas consideram que o uso da língua não culta na fala não deve ser motivo para sujeição ou para baixa estima do falante. E mais, é importante que as classes populares, no seu aprendizado, percebam que a língua é sim uma ferramenta política. Penso que esta percepção é um estímulo a aprendizagem da língua culta.

Gustavo Biscaia de Lacerda
Nelson: a respeito da mídia, não comento. Não me parece apropriado tratar da questão nesses termos e por isso não me estenderei a respeito (embora sua observação de que a aparência de ausência de polêmica seja uma perspectiva interessante). Em termos substantivos, no que se refere à afirmação da chamada norma culta, não me parece que se esteja pondo em questão somente que há diferentes variantes lingüísticas, nem que há diferenças - grandes, muitas vezes - entre a norma padrão e os linguajares cotidianos. O que se faz em diversos livros - e a idéia do Marcos Bagno a respeito do "preconceito lingüístico" sacramenta totalmente - é que a língua padrão é somente um instrumento de dominação e como tal deve ser tratado; em outras palavras, se os dominantes (ou a burguesia, ou qualquer variação desse tipo) afirma sua própria língua, a resistência popular deve erigir em padrão seu próprio jeito de falar. Isso, bem vistas as coisas, é uma variação dos lingüistas da idéia de um certo marxismo, denunciado há 40 anos por Foucault, de que há uma cultura burguesa e uma cultura proletária. O resultado é que a idéia do Marcos Bagno consagra a divisão social - e veja: não estou negando as diferenças e as disputas sociais -, sugere uma teoria da conspiração (não dos "de cima", mas dos "de baixo") e, por fim, faz o possível para evitar totalmente a inclusão social (afinal, qual dos "praticantes das variações não-cultas da língua portuguesa" conseguirá expressar-se adequadamente em outros contextos que não os seus próprios, isto é, nas regiões de origem do que tende a virar dialetos? Qual deles conseguirá ler (e entender) livros escritos em variações que não sejam as dialetais, isto é, os livros escritos de acordo com as normas "cultas"? Por fim: exceção feita ao Valmor Stédile, economista pela UFRGS e líder do MST, qual desses doutores terá coragem de efetivamente usar e defender o uso em seu próprio ambiente social dessas "variações lingüísticas"?).

Empresas ampliam a contratação de trabalhador negro

Fonte: Time Inc.
Participação sobe de 23,4% em 2003 para 31,1% em 2010, mostra pesquisa do Instituto Ethos com 500 companhias

Mas, quanto maior o nível hierárquico, menor é a presença de negros; em cargos de diretoria, são só 5,3%

"Costura, faxina..." Vanessa Santos Antônio, 20, sabe bem qual seria seu futuro se não tivesse decidido cursar faculdade. "Nasci em uma família pobre, em Brasilândia [zona norte de São Paulo], mas meu pai sempre me ensinou que o único jeito de mudar de verdade e ter um padrão de vida diferente é estudando."

Aluna do último ano de administração da Faculdade Zumbi dos Palmares, ela fez dois anos de estágio no Bradesco e foi efetivada com escriturária no departamento de recursos humanos.
Depois de se formar, pretende fazer pós-graduação e intercâmbio nos Estados Unidos para estudar inglês.

Durante a era Lula, a participação de negros como Vanessa nas empresas passou de 23,4% (2003) para 31,1% (2010), segundo pesquisa do Instituto Ethos com as 500 maiores empresas do país.

"A mão de obra negra está mais inserida no mercado de trabalho, mas ainda está bem abaixo do que deveria, considerando que eles representam 46% da PEA (população economicamente ativa)", diz Paulo Itacarambi, vice-presidente do Ethos.

Alguns fatores, diz ele, explicam esse aumento. Um é a melhoria da autoestima, que tem contribuído para aumentar o número de pessoas que se declaram negras (pretos e pardos).
Há ainda a política de cotas nas universidade, melhorando a qualificação. Por fim, vem a percepção, por parte das empresas, de que a diversidade é positiva para a organização.
Mas, apesar dos avanços, a análise da presença do negro em diferentes níveis hierárquicos evidencia uma enorme desigualdade.

Quanto maior o nível hierárquico, menos negros. Eles ocupam 25,6% dos cargos de supervisão. Estão em 13,2% dos cargos de gerência e em 5,3% dos cargos de diretoria.
"É preciso criar oportunidades para essas pessoas subirem na empresa e isso requer esforço e investimento", diz Itacarambi.

O Ethos defende que as empresas tenham metas -mas não cotas- para reduzir as desigualdades. "Empresas não funcionam com cotas. Mas, se fizerem esse investimento, rapidamente a gente equilibra isso."

ESTÁGIOS

Para chegar aonde chegou, Vanessa Antônio participou de um dos únicos programas privados dedicados à promoção do negro no mercado de trabalho no país.
Sua faculdade tem parcerias com dez empresas para a realização de estágios: Bradesco, Citibank, Itaú, Santander, Banco do Brasil, Mercedes-Benz, Ford, Dow Química, Cargill e Nestlé.

Cada uma recruta entre 20 e 40 alunos por ano. Em média, 90% são efetivados após o fim do estágio. Desde que o programa foi criado, 483 alunos fizeram ou estão fazendo estágio.
"O estágio é diferenciado. Além do trabalho, eles fazem cursos de extensão por meio de convênios com FGV, USP e Unicamp", diz Francisca Rodrigues, diretora da Zumbi dos Palmares.

A educação qualifica o negro, mas ainda é preciso vencer preconceitos. "Ainda tem muita gente de recursos humanos que contrata pela boa aparência, o que, para eles, quer dizer "branco de cabelo liso'", diz Rodrigues.

"A gente vê isso aqui. Fechamos essas parcerias com os presidentes. Mas, quando vem alguém de RH fazer a seleção, às vezes a pessoa faz perguntas estranhas. Você vê que ela não sabe nem como abordar os alunos negros."

Por Mariana Barbosa

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/me2205201112.htm. Acesso em: 24 de maio de 2011.

saiba como funcionam Enem e ProUni

Apesar de uma série de problemas que marcaram a prova do ano passado, 50 das 91 instituições consultadas pela Folha ainda devem utilizar de alguma maneira os resultados do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) em seus vestibulares de inverno.
Cada faculdade pode determinar como usar o exame no seu processo seletivo. Os que usam o Sisu (Sistema de Seleção Unificada), por exemplo, escolhem os novos estudantes exclusivamente pela nota obtida no Enem.

O exame nacional é realizada anualmente e composta de quatro provas com 45 questões cada uma, além de uma redação.

No vestibular de meio de ano, são utilizados os resultados de 2010.

As provas do Enem 2011 devem ocorrer nos dias 22 e 23 de outubro, e as inscrições abrem amanhã, 23/5, e vão até 10/6 (veja mais em inep.gov.br/enem).

BOLSAS
O ProUni é o programa do governo federal que oferece bolsas de estudos em instituições privadas de ensino superior, e dá direito a bolsas integrais ou parciais, balizadas pelas notas no Enem e pela renda familiar do estudante. Zerar no exame, portanto, é prejuízo na certa. 

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/especial/fj2205201110.htm. Acesso em 24 de maio de 2011.


tempos modernos: o filme

O ator Charles Chaplin. Fonte: Life

link para assistir ao filme tempos modernos, de charles chaplin. 

http://filmespoliticos.blogspot.com/2011/05/tempos-modernos-modern-times-charlie.html
atividade obrigatória para os alunos do 1º e 2º ano.

sobre a vida após a morte

Fonte: http://www.fotocommunity.es
Do ponto de vista científico, vida após a morte não faz sentido,embora a esperança de que ela exista seja muito compreensível
 
Já que no domingo passado escrevi sobre o fim do mundo (era para ter sido ontem), é natural continuar nossa discussão refletindo sobre vida após a morte. especialmente nesta semana, quando o famoso físico Stephen Hawking falou do assunto em entrevista ao jornal inglês "The Guardian". "Um conto de fadas para pessoas que têm medo do escuro", disse.
Mantendo a discussão ao nível "científico", o que podemos falar sobre experimentos que visam detectar vida após a morte?

Eis o que escrevi sobre o tópico em meu livro "Criação Imperfeita": "quando ingressei no curso de física da PUC do Rio em1979, era a encarnação perfeita do cientista romântico, com barba, cachimbo e tudo. Lembro-me, com um certo embaraço, do meu experimento para 'investigar a existência da alma'. Se a alma existia, pensei, tem que ter uma natureza ao menos em parte eletromagnética, de modo a poder animar o cérebro. E se eu convencesse um hospital a dar-me acesso a um paciente em coma, já prestes a morrer? Assim, poderia circundá lo com instrumentos capazes de detectar atividade eletromagnética.Talvez pudesse detectar a cessação do desequilíbrio elétrico que caracteriza a vida [...] Por via das dúvidas, o paciente deveria também estar deitado sobre uma balança bem precisa, caso a alma tivesse peso." 

Continuo: "Na verdade, minha incursão no terreno da "teologia experimental" era mais brincadeira do que algo que levei a sério. Porém, minha metade vitoriana charlatã, devo dizer, tinha ao menos um predecessor. Em 1907, um certo Dr. Duncan MagDougall de Haverhill, em Massachusetts, conduziu uma série de experimentos para medir o peso da alma. Embora sua metodologia fosse altamente duvidosa, seus resultados foram mencionados no prestigioso "New York Times": "Médico crê que alma tem peso", afirmou a manchete. O peso era em torno de 21,3 gramas, embora tenha havido algumas variações entre os poucos pacientes investigados. Como grupo de controle, ele pesou 15 cães, mostrando que eles não sofriam qualquer mudança de peso. O resultado não o surpreendeu, pois suspeitava que só humanos têm almas."

Os experimentos de Mag Dougall inspiraram o filme "21 Gramas", com Sean Penn fazendo o papel de um matemático à beira da morte.

De volta a Hawking, devo dizer que concordo com ele. Tudo o que sabemos sobre como a natureza opera indica que a vida é um fenômeno bioquímico emergente que tem um início e um fim. Do ponto de vista científico, vida após a morte não faz sentido: existe a vida, um estado complexo da matéria em que um organismo interage ativamente com o ambiente, e existe a morte, um estado em que essas interações tornam-se passivas.

Morte é ausência de vida. (Mesmo o vírus só pode ser considerado0 vivo dentro de uma célula anfitriã.) É perfeitamente compreensível querer mais do que algumas décadas de vida, ter esperança de que existe algo mais. Porém, nosso foco deve ser no aqui e no agora, e não no além. O que importa é o que fazemos coma vida que temos, curta que seja. Após ela, o que persiste são as memórias naqueles que continuam vivos.

MARCELO GLEISER é professor de física teórica no Dartmouth College, em Hanover (EUA), e autor do livro Criação Imperfeita.

Retirado de: <http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe2205201103.htm>. Acesso em 24 de maio de 2011.