sábado, 19 de março de 2011

modelo reduzido de belo monte é montado na ufpr

Foto: Lactec.org.br
A hidrelétrica de Belo Monte, que será erguida no rio Xingu, no Pará, vai ser vista primeiro em Curitiba (PR). O modelo reduzido da usina está sendo feito pelo Lactec -– Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento, em um pavilhão que fica dentro do centro politécnico da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Terá 2,5 mil m2, com 60 metros de comprimento e 40 de largura. Nele trabalham três engenheiros civis, sete técnicos, 14 pedreiros e cinco estagiários. A construção e calibragem do modelo devem ser concluídas em março, quando serão iniciados os testes.

"Estamos fazendo o que a natureza já fez, construindo o rio", diz o engenheiro e professor André Fabiani, da divisão de hidráulica e responsável pelos projetos de usinas. Ele tem uma planta topográfica com todo o relevo de Belo Monte, que será recriado com argamassa de cimento. Por enquanto, o cenário é produzido com a ajuda de chapas de compensado de madeira e pedra brita. Quando o mini Xingu passar por ali, terá vazão de 567 litros por segundo - no tamanho real, são 72 mil metros cúbicos por segundo.

O contrato do Lactec com o consórcio Norte Energia, responsável pela usina, é de R$ 6,848 milhões. Foi assinado em outubro e terá 28 meses de duração. O laboratório construiu o modelo reduzido da hidrelétrica de Itaipu e, para erguer Belo Monte, teve de destruir 13 modelos menores feitos no passado e que estavam no local. Normalmente é usada a escala geométrica de 1:100, mas o tamanho de Belo Monte exigiu que ela fosse reduzida para 1:110 para caber no pavilhão.




Dentro do Centro de Hidráulica e Hidrologia do Lactec já foram feitos modelos para hidrelétricas do Brasil e de países como República Dominicana, Equador, Colômbia, Angola e Etiópia. Está lá, com água jorrando, o modelo da usina Ituango, em construção na Colômbia, com capacidade de 2,4 mil megawatts (MW). Para ela, o Lactec projetou muros de aproximação ao vertedouro que não constavam no projeto.

Poucos metros adiante é possível ver a Gibe 3, da Etiópia, que terá 1,87 mil MW e na qual foram mudadas as posições do vertedouro e da casa de força. Graças ao modelo reduzido, os técnicos observaram que a água batia com violência no local e criava ondas que poderiam comprometer o funcionamento das turbinas. Há dois meses foi concluído um estudo do sistema de refrigeração de Angra 3 e, em breve, será dado início ao projeto da usina Colíder, que a Copel construirá no Mato Grosso.

Toda a parte civil das usinas é reproduzida para corrigir possíveis falhas nos projetos. Também são analisados riscos com enchentes e a capacidade dos vertedouros de água. Os fundos dos rios estudados ganham rugosidades para simular a resistência enfrentada pela água e, dependendo do contrato, escadas usadas por peixes no período de desova são analisadas pelos técnicos. As pequenas usinas só não produzem energia porque as turbinas são estudadas separadamente pelos fabricantes, uma vez que o volume de geração de energia seria pequeno e não compensaria o esforço.

Fabiani diz que as etapas da obra não precisam seguir o mesmo cronograma do laboratório, com exceção da construção do desvio do rio, estudada em tempo real para determinar o ritmo necessário para trabalhar com a força do Xingu. O engenheiro explica que a construção do modelo é opcional, mas lembra que o custo é irrelevante em função do que é investido nas hidrelétricas. "E em todas há coisas a corrigir."

Acesso em: 19/03/2011

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